quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Qual o limite que uma boa piada não pode ultrapassar?


Algumas são hilárias, outras, engraçadinhas, mas devem ter o cuidado de quem procura fazer um humor de qualidade, sem ofensas nem mau gosto. Mas, com essa enxurrada de programas humorísticos na TV, sites de vídeos engraçados e tantas "caras" novas no humor brasileiro, será que o que antes era considerado ofensivo continua hoje?

Segundo Paulo Ramos, professor de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo e autor da tese Tiras cômicas e piadas: duas leituras, um efeito de humor, é muito comum fazermos graça com representantes de determinado grupo étnico ou social. “Em geral, a pessoa é vista de maneira pejorativa ou desprovida de inteligência. O brasileiro tem tradição em piadas que brincam com negros, louras, portugueses e argentinos. Em outros países, os rótulos são diferentes”, afirma ele.
Mas existem ingredientes que conse­guem azedar uma anedota. “Certas pessoas podem achar ofensivo fazer graça com temas considerados tabus, como religião, sexo, e escatologia”, diz a tradutora Marta Rosas, autora de Tradução de humor – transcriando piadas.

A Relação entre tabus e piadas
A piada serve primariamente para nos fazer rir, e a alegria que vem de uma piada bem contada constitui sua própria recompensa. O humor pode frequente servir para um propósito social maior, contudo, particularmente quando se trata de tabu ou assuntos proibidos. Comediantes tem usado as piadas para discutir tabus desde os tempos dos bobos da corte, e a relação entre o humor e assuntos proibidos contém um número de complexidades surpreendentes.

Conforto
Piadas ajudam a proporcionar um certo nível de conforto ao se tratar de casos de tabus. O objeto de insulto, por definição, é menos ameaçador do que o objeto do medo, e rir de algo naturalmente permite que o indivíduo se sinta superior a aquilo. Enquanto falar sobre um assunto alvo de tabu pode promover o desconforto, estranheza ou escândalo, uma piada a respeito de um tabu neutraliza a tensão e permite que as pessoas se aproximem dele mais prontamente.

Tensão
De forma recíproca, uma vez que um tabu frequentemente elicita tensão no ouvinte, um comediante pode usar isto como uma ferramenta para suas piadas. Sem tensão, o riso perde muito da sua energia, não tendo nada para poder aliviar. Embora um piadista possa agir com cautela, ele pode usar os tabus  para provocar a tensão que depois ele irá quebrar com um ápice bem executado em sua piada, aumentando o nível de efetividade do riso.

Mudança Social
Tabus não são necessariamente malignos ou errados; de fato, em muitos casos sua natureza proibida proporciona e até assume o lugar de injustiça grave. Tópicos como homossexualidade, direitos femininos e relações raciais já foram considerados um tabu pela maioria da sociedade. Não se podia discutir tais assuntos sem incitar controvérsias. Humoristas, por outro lado, podiam desafiar preconceitos que levavam a tais tabus, e provocar uma mudança social positiva através das piadas. Por exemplo, o comediante de Stand-Ups Richard Pryor ajudou a quebrar muitos estereótipos sobre Afro Americanos por meio das piadas que fazia sobre assuntos que eram previamente tabus, enquanto o romance de Mark Twain "Huckleberry Finn" ajudou a expor a inerente injustiça da escravidão.

Poder
O uso do tabu em uma piada pode aumentar o poder daquela piada através do choque ou surpreender a platéia. Pegar o ouvinte desprevenido constitui um elemento chave no humor, e um comediante pode fazê-lo muito rapidamente acessando um assunto proibido. Em muitos casos, tais táticas traem a fraqueza geral a própria piada, com a qual o comediante disfarça por meio do tabu. (Por exemplo, considere o número de dois comediantes que indiscriminadamente gospem palavrões para elicitar risos de choque.) Quando apropriadamente articulados, contudo, o uso de tabus pode constituir algumas das mais queridas e bem sucedidas piadas de todos os tempos. (Em contraste com o exemplo anterior, considere "As sete palavras que você não pode falar na televisão" de George Carlin, que também utiliza palavrões, e é considerada uma das maiores comédias de praxe de todos os tempos.)

Alguns tabus Americanos
Religião
Poligamia
Aborto
Pedofilia
Incesto
questão racial

Alguns tabus Brasileiros
Colonização
Miscigenação
questão racial
Aborto
Opção Sexual

*vídeo: http://www.comedycentral.com.br/videos/rebecca-corry-757865/
*(Nesta 14ª temporada, o Comedy Central Presents traz novamente um line-up com os comediantes mais engraçados da "América". Nada é sagrado pra eles, nem mesmo a platéia, e eles não estão nem aí com temas polêmicos ou tabus.)

fonte:
http://www.selecoes.com.br
http://www.ehow.com
http://www.comedycentral.com.br

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